Sobre o autor

Pra relaxar, seguindo o exemplo de algumas pessoas da minha vida entrei nessa de Blog. Vamo ver o que sai daqui.

Get The Latest News

Sign up to receive latest news

terça-feira, 20 de abril de 2010

Interlúdio

Tava movimentado o check-in. Grupos, véspera de feriado, encerramento de congresso da ONU, diplomatas furando a fila* tentando viajar pra europa, ou passando por lá parando o check-in com aqueles passaportes azul-claro-geladeira-antiga e a nuvem preta de Lost atrapalhando a aviação no mundo. Deu jegue de listra em Salvador também! Listras coloridas!
Eu estava no despacho de bagagem, atendendo os mais antenados que chegam com o check-in pronto de casa ou fazem nos totens de auto atendimento e a todos que fazem todas as perguntas possíveis porque acham que eu também sou help-desk, só porque fico na primeira posição de atendimento. Quem tem medo de computador fica na fila grande, azar.
A fila da bagagem tava crescendo, eu com um Indonesio na minha frente pedindo pra ir pra 'Son Palo' sacudindo o azulzinho na minha cara e uma banda despachando todo o recheio de um trio elétrico. Aí chegou aquele senhor, com uma expressão tensa e consternada, de gravata meio aberta, paletó e pasta na mão e pergunta se ainda dá tempo de ser atendido em um vôo que tava com o check-in fechado a uns 10 minutos. "É realmente um caso de vida e morte", ele falou, explicou que era uma emergência, que tinha comprado o bilhete com uma agencia por telefone, enquanto dirigia para o aeroporto. O Indonesio não parou de falar e enquanto eu seguia despachando cases de instrumentos perguntei à Livia, minha supervisora-gata-gente-fina se poderia fazer esse atendimento, já que realmente parecia ser uma viagem de ultima hora. Quando veio a resposta, o telefone do passageiro tocou e eu ouvi ele atender a irmã:
"oi Mana, me fala, como é que tá?"
Arregalou os olhos por um segundo, enquanto ia ficando pálido, os ombros caíram e eu vi seus olhos marejando.
Me partiu o coração, não ia dar tempo de dizer adeus a alguém importante... Até o indonesio ficou quietinho. Atendi ao passageiro, perguntei se queria uma água, disse que sentia muito e encaminhei ao portão para embarque imediato. Queria poder demonstrar emoção de verdade, sair daquela postura.
Assim que ele saiu, o indonesio, o passaporte dele e a banda voltaram a disputar minha atenção. Foram 2 minutos, num interlúdio triste no meio daquela feira-livre.



*É regra, diplomatas tem prioridade de check-in e embarque.

1 comentários:

Anônimo disse...

Cadê vc por aqui?

Postar um comentário